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Alguns pontos-chave dessa matéria para o ENEM que devem ser levados em conta ao estudarmos são:

Um belo mapa mental sobre alguns aspectos da América Espanhola. Fonte: @Oparin_n  / Twitter

Para compreender o contexto histórico que levou à expansão marítima espanhola, precisamos voltar um pouco ao século XV, um período marcado por transformações profundas na Europa. O continente estava passando por um período de transição da Idade Média para a Idade Moderna, conhecido como Renascimento. Durante este período, houve um florescimento notável das artes, da literatura, das ciências e do pensamento humanista, o que resultou em uma busca por conhecimento e um espírito de curiosidade e aventura.

Em meados do século XV, Portugal já havia começado suas explorações marítimas, lançando as bases para a Era dos Descobrimentos. A rota do comércio de especiarias através do Mediterrâneo, que estava sob controle do Império Otomano, era perigosa e cara. Portanto, Portugal estava buscando uma rota alternativa para as ricas terras de especiarias do leste, contornando a África.

Na Espanha, entretanto, a principal preocupação era a Reconquista, uma série de campanhas militares para retomar a península Ibérica dos mouros, que haviam governado grande parte da região desde o século VIII. Em 1492, a Reconquista chegou ao fim com a vitória dos reis católicos, Fernando e Isabel, que unificaram a Espanha sob a bandeira do catolicismo.

Com o fim da Reconquista, a Espanha estava agora livre para se concentrar em empreendimentos externos. Inspirada pelo sucesso de Portugal e ansiosa por uma parte da riqueza que o comércio de especiarias poderia oferecer, a Espanha decidiu embarcar em suas próprias explorações marítimas. Foi nesse contexto que Cristóvão Colombo, um navegador italiano, conseguiu convencer os reis católicos a financiarem sua viagem para descobrir uma nova rota para a Índia, navegando para o oeste.

Assim, em 1492, Colombo partiu em sua jornada histórica, que não o levaria à Índia como planejado, mas ao Novo Mundo. Seu "descobrimento" da América marcaria o início da expansão marítima espanhola e da subsequente colonização das Américas.

Depois de entendermos o contexto histórico que antecedeu a expansão marítima espanhola, podemos abordar a fase do descobrimento e exploração em si.

O ponto de partida é a histórica viagem de Cristóvão Colombo em 1492, financiada pelos Reis Católicos da Espanha, Fernando e Isabel. Embora Colombo tivesse a intenção de encontrar uma nova rota para as Índias navegando para o oeste, ele inadvertidamente "descobriu" um novo continente. Ao chegar à ilha de Guanahani, no atual arquipélago das Bahamas, Colombo acreditava ter chegado às Índias, motivo pelo qual chamou os habitantes locais de "índios". Foi somente mais tarde que se percebeu que ele, na verdade, havia encontrado um novo continente, desconhecido dos europeus até então.

No total, Cristóvão Colombo realizou quatro viagens ao Novo Mundo. Durante essas explorações, ele cartografou diversas ilhas do Caribe e partes da América Central e do Sul, abrindo o caminho para futuras expedições. Cada viagem aumentava o conhecimento geográfico da Espanha sobre as novas terras, enquanto Colombo procurava por riquezas, especialmente ouro, e também explorava a possibilidade de converter os habitantes locais ao cristianismo.

Enquanto Colombo é mais conhecido, outros exploradores também desempenharam papéis importantes. Em 1513, Vasco Núñez de Balboa atravessou o istmo do Panamá e foi o primeiro europeu a avistar o Oceano Pacífico a partir do continente americano. Por volta de 1520, a expedição de Fernão de Magalhães encontrou um caminho navegável para o sul da América, hoje conhecido como o Estreito de Magalhães, e iniciou a primeira circum-navegação do mundo, mostrando que as novas terras descobertas por Colombo eram de fato parte de um continente separado.

Durante esta fase de descobrimento e exploração, o contato inicial entre os europeus e os povos indígenas foi marcado por curiosidade mútua, mas também por conflitos, à medida que os espanhóis buscavam se estabelecer e explorar as novas terras. No entanto, a conquista real das terras e dos povos indígenas se tornaria uma fase distinta que se seguiria a esse período inicial de descobrimento e exploração.

Após o período de descobrimento e exploração, o próximo capítulo na história da expansão espanhola na América é a conquista e a colonização.

A conquista se refere à subjugação das populações indígenas pelos espanhóis. Os dois eventos mais emblemáticos da conquista espanhola na América foram a queda dos astecas no México e dos incas no Peru.

No México, o conquistador Hernán Cortés, com uma força relativamente pequena, conseguiu derrubar o poderoso império asteca em 1521, com a ajuda de alianças com outras tribos nativas que eram inimigas dos astecas. De maneira similar, Francisco Pizarro capturou o imperador inca Atahualpa em 1532, o que levou ao colapso do império inca. Ambos os conquistadores fizeram uso de estratégias militares astutas, da superioridade tecnológica, principalmente em termos de armamento, e se aproveitaram das divisões internas e das doenças trazidas pelos europeus, para as quais os indígenas não tinham imunidade.

A colonização se refere ao processo de estabelecer controle sobre as terras conquistadas e administrá-las. Os espanhóis criaram colônias, construíram cidades ao estilo europeu, impuseram a fé cristã e exploraram os recursos naturais das Américas, especialmente a prata e o ouro.

A Espanha administrava suas vastas colônias na América através de uma complexa burocracia. A América espanhola foi dividida em dois grandes vice-reinados: o Vice-Reinado da Nova Espanha, criado em 1535, que incluía o México e outras regiões ao norte; e o Vice-Reinado do Peru, estabelecido em 1542, que abrangia a América do Sul. Cada vice-reinado era governado por um vice-rei, que representava o monarca espanhol e tinha amplos poderes.

As áreas dentro dos vice-reinados foram divididas em unidades menores chamadas audiências, cada uma com um governador. Além disso, havia governadores de províncias, que eram responsáveis por regiões específicas. A Espanha também estabeleceu um sistema de encomiendas, pelo qual os colonizadores espanhóis (encomenderos) eram concedidos terras e a mão de obra dos nativos em troca de protegê-los e convertê-los ao cristianismo, embora na prática isso frequentemente resultasse em exploração e abuso.

A administração colonial foi fundamental para manter o controle sobre as extensas colônias espanholas, garantir a exploração econômica das Américas e facilitar a propagação do cristianismo. No entanto, também levou à opressão e exploração dos povos nativos, com consequências devastadoras para sua população e cultura.

Com o estabelecimento do domínio espanhol nas Américas, formou-se uma sociedade colonial complexa e estratificada, marcada pela interação cultural entre espanhóis, povos indígenas e africanos trazidos como escravos.

Na sociedade colonial espanhola, a posição na hierarquia era geralmente determinada pela origem étnica e pelo local de nascimento. No topo da pirâmide social estavam os "peninsulares", aqueles nascidos na Espanha. Eles ocupavam as posições mais altas na administração colonial e na Igreja. Em seguida vinham os "criollos" (crioulos), descendentes de espanhóis, mas nascidos na América. Embora tivessem o mesmo status legal dos peninsulares, na prática eram frequentemente excluídos dos altos cargos.

Abaixo dos espanhóis estavam os "mestiços", descendentes de espanhóis e indígenas, e os "mulatos", descendentes de espanhóis e africanos. Por fim, estavam os indígenas e os africanos escravizados. Essa hierarquia social, chamada de sistema de castas, era rígida e perpetuada por leis coloniais.

A cultura na colônia espanhola era um mosaico de influências espanholas, indígenas e africanas. A Espanha impôs sua língua, religião e costumes, mas esses elementos também se misturaram com as tradições locais.

No campo da religião, a Igreja Católica teve um papel central. Os missionários espanhóis trabalharam arduamente para converter os povos indígenas ao cristianismo. Construíram igrejas e missionários, e muitos indígenas adotaram a nova fé, embora às vezes mesclando-a com suas crenças tradicionais.

Na arquitetura, surgiram cidades e edifícios ao estilo europeu, mas frequentemente incorporando elementos indígenas. A arte colonial também refletia essa mescla de influências, com pinturas e esculturas retratando temas religiosos ao estilo europeu, mas muitas vezes incorporando símbolos e cores locais.

A colonização espanhola levou à destruição de muitos aspectos das culturas indígenas, mas também resultou em uma nova cultura híbrida. Esta cultura, com suas diversas influências, é um aspecto marcante das nações latino-americanas até hoje.

Com a colonização espanhola, resistências e rebeliões por parte dos povos indígenas e, posteriormente, por parte dos crioulos e mestiços, tornaram-se uma característica constante na América Latina.

Desde o início da conquista, houve resistência dos povos indígenas. Enquanto alguns grupos optaram por aliar-se aos espanhóis para derrotar inimigos tradicionais, muitos lutaram bravamente contra a invasão. A resistência indígena assumiu várias formas, incluindo guerra aberta, guerrilha, fuga para regiões inacessíveis e rebeliões contra o sistema de trabalho forçado.

Por exemplo, em 1536, o líder inca Manco Inca liderou uma grande rebelião contra os espanhóis no Peru, embora finalmente sem sucesso. Na atual região sudoeste dos Estados Unidos, a Revolta dos Pueblos em 1680 viu os indígenas Pueblo se unirem para expulsar os espanhóis de suas terras por mais de uma década.

No entanto, foi apenas no século XVIII que as tensões sociais e raciais na sociedade colonial começaram a alimentar movimentos mais amplos de resistência e rebelião. Os crioulos, nascidos nas Américas, mas de ascendência espanhola, sentiam-se cada vez mais marginalizados pelos peninsulares, os espanhóis nascidos na Espanha. Este ressentimento muitas vezes se combinava com ideias iluministas de governo representativo e direitos humanos, levando a várias rebeliões de crioulos.

Um exemplo é a Revolta de Tupac Amaru II em 1780 no Peru, liderada por um mestiço que se identificou como descendente do último inca. Embora a revolta tenha sido esmagada, ela marcou um importante precedente para os movimentos de independência que surgiriam nas décadas seguintes.

A acumulação dessas tensões, juntamente com as mudanças políticas e econômicas na Europa, especialmente a Revolução Francesa e a invasão napoleônica da Espanha, criaria as condições para o surgimento dos movimentos de independência no início do século XIX.