Planejativo

Pré-Modernismo

Figuras de linguagem: aspectos fonético e sintático

Figuras de linguagem: aspecto semântico

Romantismo: primeira geração

Romantismo: segunda geração

Romantismo: terceira geração

Modernismo: primeira geração

Modernismo: segunda geração

Modernismo: terceira geração

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Poesia Marginal

Literatura contemporânea

Romantismo: Prosa

Alguns pontos-chave dessa matéria para o ENEM que devem ser levados em conta ao estudarmos são:

Um breve mapa mental com alguns conceitos didáticos e relevantes sobre o Pré-Modernismo. Fonte: 

O Pré-Modernismo foi um movimento literário que ocorreu no Brasil durante a primeira parte do século XX, aproximadamente entre 1902 e 1922. Este período da literatura brasileira foi marcado por intensas transformações sociais, políticas e econômicas, tanto no Brasil como no mundo. Embora o Pré-Modernismo não seja considerado uma "escola" literária propriamente dita, ele marca uma importante fase de transição entre o Simbolismo/Realismo-Naturalismo e o Modernismo.

Neste contexto, os escritores pré-modernistas propuseram uma "redescoberta" do Brasil. Eles começaram a se afastar das tradições europeias e a se concentrar na realidade brasileira, explorando temas como a vida rural, a exploração da população trabalhadora, as questões sociais e a identidade nacional.

Em vez de idealizar a realidade, como muitos de seus predecessores haviam feito, os pré-modernistas procuraram retratar o Brasil como ele realmente era. Além disso, eles também começaram a incorporar elementos da fala coloquial e regional na literatura, preparando o caminho para as inovações linguísticas do Modernismo que viria em seguida.

Embora o Pré-Modernismo não seja considerado uma "escola" literária oficial, a sua importância reside no fato de que ele marcou uma importante fase de transição na literatura brasileira. Ele estabeleceu as bases para o Modernismo, um movimento que rompeu definitivamente com as tradições europeias e deu origem a uma literatura verdadeiramente brasileira.

Vamos aprofundar um pouco nas características gerais do Pré-Modernismo. Embora, como mencionamos anteriormente, o Pré-Modernismo não seja considerado uma escola literária formal, ele apresenta alguns traços distintos que o tornam único:

Nessa mapa mental, há alguns dos autores que abordaremos. Fonte: 

Euclides da Cunha, autor de "Os Sertões". Fonte: 

Euclides da Cunha é um dos mais destacados escritores do período Pré-Modernista brasileiro. Nascido em 1866 no Rio de Janeiro, ele foi engenheiro, jornalista, professor, historiador e, claro, escritor.

A obra mais conhecida de Euclides é "Os Sertões", que foi publicada em 1902. O livro é uma narrativa da Guerra de Canudos (1896-1897), conflito que ocorreu no sertão baiano entre a população local, liderada por Antônio Conselheiro, e as forças militares do governo. Euclides, que era repórter do jornal "O Estado de S. Paulo" na época, cobriu o conflito e transformou suas observações e experiências em "Os Sertões".

Capa de uma versão atual de "Os Sertões", de Euclides da Cunha. Fonte: 

"Os Sertões" é uma obra complexa e multifacetada, e é considerada um dos maiores clássicos da literatura brasileira. Ela combina uma variedade de gêneros - como relato histórico, ensaio sociológico e narrativa literária - e aborda temas como a geografia, a cultura, a religião e a história do sertão brasileiro.

Como escritor, Euclides da Cunha é conhecido por sua linguagem rica e complexa, e por seu olhar atento para a realidade brasileira. Em "Os Sertões", ele descreve o sertão e seus habitantes de uma forma profundamente detalhada e realista, mostrando a dureza da vida naquela região, mas também a resiliência e a dignidade de seu povo.

A famosa frase de abertura de "Os Sertões" exemplifica bem o estilo de Euclides e suas preocupações como escritor:

Esta frase, que se tornou uma das mais célebres da literatura brasileira, revela a visão de Euclides da Cunha sobre o sertanejo: um indivíduo que, apesar das adversidades extremas de seu ambiente, persiste e resiste. Ela mostra também a admiração e o respeito que Euclides tinha pelo povo sertanejo, uma atitude que foi fundamental para a sua abordagem da realidade brasileira em "Os Sertões".

Graça Aranha, autor de "Canaã". Fonte: Uol.

Graça Aranha, cujo nome completo era José Pereira da Graça Aranha, nasceu no Maranhão em 1868 e se tornou uma figura literária notável na cena do Pré-Modernismo brasileiro. Além de escritor, ele era diplomata de carreira, o que permitiu que ele vivenciasse e absorvesse diferentes culturas ao longo de sua vida.

A obra mais conhecida de Graça Aranha é "Canaã", publicada pela primeira vez em 1902. A narrativa centra-se em dois imigrantes alemães, Milkau e Lentz, que chegam ao Brasil em busca da "terra prometida" – o Canaã bíblico. O livro aborda a temática da imigração e os contrastes e conflitos entre diferentes visões de mundo, ideologias e culturas.

Canaã, capa de uma versão atual. Fonte: 

"Canaã" é notável por sua linguagem poética e seu tratamento complexo de temas sociais e filosóficos. O livro reflete a visão de Graça Aranha de que a literatura deve ser mais do que apenas entretenimento: ela deve ser um meio de explorar e compreender a condição humana.

Graça Aranha também é conhecido por seu papel na Semana de Arte Moderna de 1922, evento que marcou o início do Modernismo no Brasil. Apesar de ter sido um escritor pré-modernista, ele desempenhou um papel importante na promoção de novas ideias e formas de expressão artística.

Um trecho conhecido de "Canaã" que exemplifica a prosa poética e a profundidade temática da obra de Graça Aranha é o seguinte:

Essas palavras, proferidas pelo personagem Milkau, refletem a visão romântica e idealista de liberdade presente no livro e apontam para as intensas reflexões filosóficas que Graça Aranha incorpora em sua narrativa.

Monteiro Lobato, autor de diversas obras importantes na literatura brasileira. Fonte: 

José Bento Monteiro Lobato nasceu em 1882, em Taubaté, São Paulo. Ele é, sem dúvida, um dos autores mais famosos e influentes da literatura brasileira, especialmente por seu trabalho na literatura infantojuvenil. Além de escritor, Lobato foi editor e empresário.

Monteiro Lobato é mais conhecido por sua série de livros "Sítio do Picapau Amarelo", que consiste em uma série de histórias focadas em um grupo de personagens vivendo em um sítio no interior. Os personagens, incluindo a Dona Benta, a Tia Nastácia, o Pedrinho, a Narizinho e a boneca Emília, são conhecidos e amados por gerações de leitores brasileiros.

Em seus livros, Lobato mistura realismo e fantasia de maneira única, combinando elementos da vida rural brasileira com mitos, lendas e personagens de contos de fadas. Suas obras são caracterizadas pela sua linguagem acessível e encantadora, e pelo seu humor fino e inteligente.

Além de sua contribuição para a literatura infantojuvenil, Monteiro Lobato também é reconhecido por suas críticas sociais e políticas. Em obras como "Urupês", ele retrata a vida dos caboclos e das populações rurais, e faz críticas mordazes à sociedade brasileira de sua época.

Um dos trechos mais conhecidos e emblemáticos de Lobato é da obra "O Poço do Visconde", no qual a boneca Emília diz:

Essa frase, embora aparentemente simples, reflete o humor e a sagacidade característicos de Lobato, e também a personalidade rebelde e irreverente da boneca Emília. Além disso, ela ilustra a capacidade de Lobato de transmitir ideias complexas de maneira acessível e atraente para os leitores jovens.

Em suma, a obra de Monteiro Lobato teve um impacto profundo na literatura brasileira, e ele continua sendo uma figura inspiradora para escritores e leitores até hoje.

Lima Barreto foi um importante autor pré-modernista, símbolo de lutas por direitos de igualdade racial. Fonte: 

Afonso Henriques de Lima Barreto, conhecido simplesmente como Lima Barreto, nasceu em 1881, no Rio de Janeiro, e se destacou como um dos escritores mais importantes do Pré-Modernismo brasileiro. Sua trajetória de vida foi marcada por desafios, incluindo problemas de saúde mental e o preconceito racial, pois Lima Barreto era mulato em uma sociedade profundamente racista.

A obra de Lima Barreto abordou de maneira corajosa e perspicaz as injustiças sociais, a burocracia e a hipocrisia da sociedade carioca de sua época. Ele se dedicou a retratar a vida dos marginalizados, e suas histórias frequentemente satirizavam a elite brasileira.

Capa de uma versão atual do Triste Fim de Policarpo Quaresma, importante obra de Lima Barreto. Fonte: 

Lima Barreto é autor de obras como "Triste Fim de Policarpo Quaresma", "Clara dos Anjos" e "Recordações do Escrivão Isaías Caminha", além de uma série de contos, crônicas e peças de teatro. "O Triste Fim de Policarpo Quaresma" é um dos seus livros mais célebres, e apresenta uma crítica mordaz ao nacionalismo ufanista e à burocracia estatal através do personagem Policarpo Quaresma, um patriota ingênuo que acaba sendo traído pelo próprio país que tanto ama.

Além de sua escrita crítica e realista, Lima Barreto é lembrado por sua luta contra a discriminação racial. Ele era um defensor ardente da igualdade racial e criticou abertamente o racismo em seus escritos e em sua vida pública.

Um trecho famoso que exemplifica a habilidade de Lima Barreto em criticar a sociedade brasileira vem de "O Triste Fim de Policarpo Quaresma":

Esse trecho, que descreve o fim trágico de Policarpo Quaresma, revela o olhar afiado e crítico de Lima Barreto para as mazelas sociais do Brasil. Ele reflete as preocupações do autor com as injustiças da sociedade brasileira e sua capacidade de retratar essas questões de maneira incisiva e emocionante em sua obra.

Augusto dos Anjos foi um importante representante da poesia pré-modernista. Fonte: 

Augusto dos Anjos é um dos poetas mais singulares e marcantes da literatura brasileira. Nascido na Paraíba em 1884, sua obra destaca-se pela visão sombria da vida e pela utilização inovadora da linguagem poética.

Dos Anjos só publicou um livro em vida, "Eu", em 1912, mas este volume de poesia foi suficiente para consolidar seu lugar na história literária brasileira. Seu trabalho muitas vezes desafia a classificação; embora ele tenha sido contemporâneo ao Pré-Modernismo, seus poemas possuem características distintas que dialogam tanto com o Simbolismo quanto com o Parnasianismo.

Seu estilo é marcado por uma intensa musicalidade e uma linguagem rica em imagens e símbolos. Augusto dos Anjos também é conhecido por sua temática mórbida e pessimista, que reflete sua obsessão com a morte e a efemeridade da vida. Além disso, sua poesia destaca-se pelo uso de vocabulário científico e pela incorporação de conceitos e termos da biologia e da medicina.

Em relação à vida pessoal do poeta, sabe-se que ele enfrentou uma série de desafios, incluindo a morte prematura de seus irmãos e a dificuldade em encontrar reconhecimento para sua obra. A despeito das adversidades, Dos Anjos persistiu em sua vocação poética e deixou um legado literário que continua sendo estudado e apreciado até hoje.

Um exemplo marcante da poesia de Augusto dos Anjos é o soneto "Versos Íntimos":

Esses versos iniciam um dos poemas mais conhecidos de Dos Anjos e encapsulam muitas das características principais de sua poesia: a visão melancólica e desiludida da vida, a musicalidade rítmica e a linguagem rica em imagens simbólicas. Eles demonstram a originalidade e a profundidade emocional que fizeram de Augusto dos Anjos um poeta inesquecível.

Os autores pré-modernistas abordaram temas e questões sociais e culturais que eram geralmente ignorados ou minimizados pelos escritores das escolas literárias anteriores. Eles se dedicaram a retratar a realidade do Brasil, em toda a sua diversidade e complexidade. Dessa forma, esses autores contribuíram para uma maior conscientização sobre os problemas sociais do país, e também para a valorização de aspectos da cultura brasileira que eram frequentemente desconsiderados ou desvalorizados.

Os pré-modernistas também foram pioneiros em sua exploração de novas formas e estilos literários. Embora ainda estivessem influenciados pelas convenções das escolas literárias anteriores, como o Parnasianismo e o Simbolismo, eles começaram a experimentar formas de expressão mais livres e inovadoras, que abriram caminho para as inovações radicais dos modernistas.

O fim do Pré-Modernismo é marcado pela Semana de Arte Moderna, que aconteceu em 1922, em São Paulo. Este evento marcou o início oficial do Modernismo no Brasil, e representou uma ruptura definitiva com as convenções das escolas literárias anteriores. Os modernistas rejeitaram as formas e estilos tradicionais e buscaram criar uma nova forma de expressão artística, que refletisse a realidade e as aspirações do Brasil no século XX.

Apesar do advento do Modernismo, o legado do Pré-Modernismo não foi esquecido. As obras dos autores pré-modernistas continuam sendo estudadas e apreciadas até hoje, e sua influência pode ser vista em muitos aspectos da literatura brasileira contemporânea.