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Alguns pontos-chave dessa matéria para o ENEM que devem ser levados em conta ao estudarmos são:

Um breve mapa mental sobre Durkheim e suas ideias. Fonte: 

A figura de Émile Durkheim ocupa um lugar de destaque na construção da sociologia como conhecemos hoje. Ele foi um pensador multifacetado, atuando como psicólogo, filósofo e sociólogo na França do século XIX. Ao lado de Karl Marx e Max Weber, Durkheim está entre os três grandes nomes que estabeleceram as bases da Sociologia.

Embora o termo Sociologia tenha sido cunhado por Auguste Comte, Durkheim foi o pioneiro na estruturação das regras do método sociológico, contribuindo para a emancipação da Sociologia como uma ciência autônoma. Além disso, Durkheim teve a honra de ser o primeiro professor a lecionar Sociologia em uma universidade.

Durkheim nasceu na região de Lorraine, na França, e sua vida (1858-1917) coincidiu com um período de grande efervescência intelectual e social. Ele foi responsável por ministrar o primeiro curso de sociologia da história, realizado em Bordeaux, na França, no ano de 1887. Suas contribuições para a área foram fundamentais para moldar o modo como a sociologia é estudada e praticada, e seus métodos de pesquisa ainda hoje são usados como referências para abordagens científicas nas ciências sociais.

Apesar de anteceder às ideias de Auguste Comte, Durkheim foi um dos principais responsáveis por sistematizar e delimitar o campo de estudo da Sociologia, definindo o modo como os sociólogos deveriam abordar seus objetos de estudo. Portanto, estudar Durkheim é essencial para entender a sociologia moderna.

A Sociologia, como qualquer ciência bem estabelecida, precisa de um método próprio. Isso assegura que ela não se perca em contradições e conclusões precipitadas, muitas vezes características do senso comum. Como o próprio Durkheim disse: "Se existe uma ciência das sociedades, é de desejar que ela não consista simplesmente numa paráfrase dos preconceitos tradicionais, mas nos faça ver as coisas de maneira diferente da sua aparência vulgar".

Para Durkheim, o papel da Sociologia é captar e estudar sistematicamente as realidades sociais que moldam a vida dos indivíduos. Para isso, ele defendia que os sociólogos deveriam adotar as mesmas ferramentas usadas nas ciências naturais, como o método científico e a observação empírica. Durkheim estava particularmente interessado em estabelecer as bases da Sociologia e delinear como essa ciência deveria abordar seus objetos de estudo.

Ele também levantou questões importantes sobre a crescente individualização do sujeito social e a análise dos fenômenos que contribuem para a formação de uma nova ordem social. Contudo, Durkheim considerava que a principal função da Sociologia era o estudo dos fatos sociais, entendidos como as dimensões coletivas da vida social que ultrapassam as individualidades.

A noção de fatos sociais é central na obra de Durkheim. Os fatos sociais são aspectos da sociedade que moldam as ações dos indivíduos, como a língua que falamos, a existência do Estado e as normas morais. Durkheim propôs três características principais para os fatos sociais: eles são externos aos indivíduos, existindo independentemente de suas vontades; são coercitivos, pressionando os indivíduos a agir de determinadas maneiras sob pena de punição, como o isolamento social; e são generalistas, atingindo todos os membros da sociedade sem exceção.

Um exemplo clássico de fato social é a língua que falamos. Ela é externa a nós (não a escolhemos individualmente), é coercitiva (se não usarmos uma língua compreensível, podemos ser isolados socialmente) e é generalista (todos que nascem em um determinado local acabam aprendendo a mesma língua). Portanto, entender a Sociologia de Durkheim passa necessariamente pela compreensão desses conceitos.

Na obra de Durkheim, a análise da coesão social e da divisão do trabalho são elementos fundamentais. A coesão social refere-se à maneira como os membros de uma sociedade se relacionam e trabalham juntos, enquanto a divisão do trabalho se refere à maneira como as tarefas são distribuídas entre os membros da sociedade. Estes elementos moldam o comportamento social, o sistema de direito e justiça, bem como a forma de solidariedade que prevalece na sociedade.

Durkheim identifica duas formas principais de coesão social, associadas a diferentes tipos de sociedades:

Compreender esses conceitos é fundamental para entender a visão de Durkheim sobre a estrutura e a dinâmica das sociedades.

O termo "anomia" foi introduzido por Émile Durkheim na sociologia. Ele descreveu a anomia como uma condição social onde os vínculos sociais estão enfraquecidos e a sociedade perde a capacidade de regular o comportamento dos indivíduos. Este estado pode levar a fenômenos sociais perturbadores, como o suicídio, que Durkheim estudou em detalhe. A anomia surge quando há uma falta de normas sociais claras que governam a interação e a solidariedade entre as pessoas.

Durkheim considerava a anomia como um estado temporário, geralmente ocorrendo durante períodos de rápida mudança social e perda de fé em tradições e crenças comuns. Ele acreditava que esse estado de desordem poderia ser resolvido à medida que novas regras são estabelecidas para regular a interação social e reafirmar ou estabelecer novas tradições. Assim, a anomia pode ser vista como uma doença crônica das sociedades modernas, que são muitas vezes sujeitas a rápidas mudanças que podem levar a desequilíbrios sociais.

Numa sociedade anômica, as fronteiras entre o que é considerado justo e injusto, legítimo e ilegítimo, tornam-se borradas ou inexistentes. As pessoas perdem suas referências sociais e sentem-se frustradas e desconfortáveis, como se todas as regras tivessem sido abandonadas e "tudo é permitido". É nesse ambiente de normas sociais indistintas ou ausentes que Durkheim acreditava que a anomia surgia e causava problemas sociais significativos.

Émile Durkheim, um dos fundadores da sociologia moderna, propôs os conceitos de "consciência particular" e "consciência coletiva" para explicar como os indivíduos conseguem viver em sociedade. A consciência particular se refere às crenças e sentimentos pessoais que tornam cada um de nós único e nos permitem ter nossa própria personalidade. Por outro lado, a consciência coletiva é o conjunto de crenças e sentimentos compartilhados pelos membros de uma sociedade, adquirida através do processo de socialização.

A consciência coletiva é mantida pela conformidade da maioria dos membros de uma sociedade que defende suas normas e crenças como verdadeiras, corretas ou belas. Por exemplo, em um ônibus lotado, os passageiros normalmente respeitam uns aos outros e confiam na competência do motorista para dirigi-los com segurança. Esta situação, apesar de envolver uma grande quantidade de estranhos em um espaço fechado, não causa medo, pois a consciência coletiva assegura a observância de normas de respeito mútuo.

No entanto, pode ser difícil determinar se uma crença é verdadeiramente pessoal ou resultado da consciência coletiva. Muitas vezes, as crenças que consideramos pessoais são, na verdade, aspectos da consciência coletiva que foram profundamente internalizados.

Segundo Durkheim, a consciência coletiva tem existência própria, independente dos pensamentos e comportamentos individuais. Enquanto cada pessoa tem sua própria consciência particular, padrões coletivos de comportamento e interpretação são observáveis em qualquer grupo ou sociedade. A consciência coletiva antecede o indivíduo e exerce influência sobre a formação de sua consciência. Durkheim argumentou que a vida em sociedade é possível graças à conformidade das consciências particulares à consciência coletiva.

Émile Durkheim, um dos pioneiros da sociologia, considerou o suicídio como um fato social presente em todas as sociedades, ainda que a frequência e o tipo de suicídio variem de acordo com a sociedade. Durkheim definiu o suicídio como "toda morte que resulta direta ou indiretamente de uma ação, positiva ou negativa, realizada pela própria vítima". Portanto, um ato é considerado suicídio quando há uma intenção deliberada de causar a própria morte, excluindo-se assim os casos acidentais ou imprudentes.

Durkheim propôs três tipos principais de suicídio, cada um refletindo diferentes dinâmicas sociais:

Émile Durkheim, um dos fundadores da sociologia, baseou-se em princípios do evolucionismo de Charles Darwin e do funcionalismo para entender e descrever a sociedade.

O evolucionismo propõe que organismos mais simples evoluem para formas mais complexas ao longo do tempo. Durkheim aplicou esse conceito à sociedade, sugerindo que sociedades mais simples se desenvolveriam em sociedades mais complexas. Isso implica que as sociedades mudam e se transformam, tornando-se mais diferenciadas e sofisticadas com o passar do tempo.

Por outro lado, o funcionalismo é a ideia de que um todo é composto pela soma de suas partes, e a qualidade de cada parte influencia a estabilidade do todo. Em termos sociológicos, isso significa que a sociedade funciona como um organismo vivo, com cada parte - suas instituições sociais, órgãos e indivíduos - contribuindo para o desempenho geral da sociedade. Cada parte tem uma função a cumprir, e a qualidade dessas funções influencia a estabilidade e a eficácia da sociedade como um todo.

As ideias de Émile Durkheim, apesar de inovadoras e fundamentais para o desenvolvimento da sociologia, também foram alvo de várias críticas ao longo do tempo.

Apesar dessas críticas, é importante reconhecer que as contribuições de Durkheim à sociologia foram e continuam sendo extremamente valiosas. Ele foi pioneiro em muitos conceitos que ainda hoje são fundamentais para a disciplina, como a noção de fato social e a metodologia de estudo dos fenômenos sociais de maneira objetiva. Durkheim ajudou a legitimar a sociologia como uma disciplina acadêmica independente e estabeleceu uma base sólida para o estudo sistemático da sociedade. Assim, apesar das críticas, a importância de seu trabalho e a relevância de suas ideias para a época e para o desenvolvimento subsequente da sociologia são incontestáveis.