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Alguns pontos-chave dessa matéria para o ENEM que devem ser levados em conta ao estudarmos são:

As primeiras revoltas foram uma resposta direta às condições precárias que persistiam, fenômeno que sempre foi presente. No entanto, com a disseminação dos princípios iluministas entre as classes populares, houve uma adição importante ao cenário: o desejo de independência e desvinculação da colônia.

A conclusão de quase três séculos de supremacia colonial espanhola na América deu lugar à independência de suas colônias, um processo histórico marcante que culminou na criação de 18 nações independentes. Este período, repleto de movimentos revolucionários e batalhas decisivas, reflete a aspiração por liberdade e autodeterminação dos povos colonizados. A rica tapeçaria cultural e política desses novos países foi moldada tanto pela resistência indígena quanto pelo legado colonial espanhol, estabelecendo um novo capítulo na história do continente americano.

Os movimentos que levaram à emancipação das colônias espanholas na América do século XVIII a início do século XIX podem ser classificados em três fases distintas. A primeira, chamada de "Movimentos Precursores", ocorreu entre 1780 e 1810 e caracterizou-se pelos primeiros esforços de resistência ao domínio espanhol. A segunda fase, de 1810 a 1816, foi marcada por uma série de rebeliões que, embora fracassadas, plantaram sementes de resistência que frutificariam no futuro. Por fim, a terceira fase, entre 1817 e 1824, foi marcada por rebeliões vitoriosas que finalmente levaram à independência dos territórios colonizados.

O vasto império colonial espanhol estava organizado desde o século XVIII em quatro vice-reinados e quatro capitanias gerais, cada uma abrangendo uma área geográfica específica. Os vice-reinados eram a Nova Espanha, que abrangia o atual México e parte dos Estados Unidos; a Nova Granada, que compreendia os territórios que hoje conhecemos como Colômbia, Panamá e Equador; o Peru, que correspondia ao território homônimo atual; e o Rio da Prata, que incluía as regiões que hoje formam Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia.

Em adição aos vice-reinados, o império espanhol contava com as capitanias gerais, que geriam regiões também de grande importância. Essas capitanias correspondiam aos territórios da atual Cuba, Guatemala, Venezuela e Chile. Assim, a complexa divisão administrativa e a vastidão territorial da colônia espanhola resultaram numa diversidade de experiências de independência que moldaram a história de cada um dos novos países emergentes.

As causas da Independência da América Espanhola foram:

No século XVIII, o cenário de independência para as colônias da América Espanhola começou a ser esboçado, impulsionado, em grande parte, pelas ideias emergentes de liberalismo e autonomia que ganhavam aderência entre as elites criollas - descendentes de espanhóis nascidos na América.

Além desses princípios iluministas, várias outras causas contribuíram para o desencadeamento da independência. A Independência dos Estados Unidos, por exemplo, serviu como um poderoso exemplo para as colônias espanholas. O anseio por substituir o restritivo pacto colonial por um sistema de livre comércio também foi um importante motivador.

A conjuntura europeia teve um papel relevante, com a expansão do Império Napoleônico, que resultou na ocupação da Espanha e na destituição do rei Fernando VII, desestabilizando o controle metropolitano sobre as colônias. Além disso, o apoio militar do Haiti, recém-liberto da França, e o suporte financeiro da Inglaterra foram essenciais para impulsionar o movimento de independência.

As primeiras ações militares, embora tenham enfrentado forte repressão e fossem desorganizadas, contribuíram para que os colonos questionassem o sistema de exploração em vigor e criassem as condições para os conflitos futuros.

Um dos movimentos mais marcantes foi liderado por Tupac Amaru II, que a partir de 1780 lutou pela independência do Peru. Esse levante resultou na morte de 60 mil indígenas e na prisão e execução de Tupac Amaru. A partir de 1783, revoltas semelhantes aconteceram na Venezuela e no Chile, sendo igualmente reprimidas pelos espanhóis. Na Venezuela, a figura central foi Francisco de Miranda (1750-1816), que, em 1806, deu início à caminhada rumo à independência das colônias espanholas, inspirado pelos exemplos da independência americana e da revolução dos escravos no Haiti.

Com a ascensão de José Bonaparte (1778-1844) ao trono da Espanha em 1808, as chamas do desejo de independência nas colônias americanas foram ainda mais incendiadas. Em meio ao caos político, os espanhóis leais ao deposto rei Fernando VII se reuniram em Cádiz para formar uma resistência contra o controle francês.

Enquanto isso, os criollos, os descendentes de espanhóis nascidos na América, mantiveram seu juramento de fidelidade a Fernando VII através dos cabildos, as autoridades municipais locais, negando-se a reconhecer José Bonaparte como rei da Espanha. No entanto, essa lealdade evoluiu gradualmente para um reconhecimento de que eles mesmos poderiam buscar a emancipação, o que levou a um acentuado aumento nos movimentos de independência a partir de 1810.

Ao contrário da experiência do Brasil, neste estágio inicial, os movimentos de independência espanhola não puderam contar com a ajuda da Inglaterra, pois esta estava em conflito com o Império Napoleônico. Foi apenas em 1815, com a derrota de Napoleão pelas forças britânicas, que as colônias espanholas começaram a receber apoio britânico para seus esforços de independência.

Com o objetivo de estabelecer novos acordos comerciais vantajosos, a Inglaterra demonstrou apoio aos movimentos de independência que se iniciaram em 1817 e se estenderam até 1824. Este apoio foi fundamental para garantir o sucesso final das rebeliões contra o domínio espanhol e a formação de novas nações independentes na América Latina.

Foi durante esse intervalo de tempo que as revoltas contra o domínio espanhol ganharam força e resultaram na bem-sucedida emancipação de várias nações latino-americanas.

Apoio externo desempenhou um papel significativo nessa fase. Após a derrota de Napoleão em 1815, a Inglaterra começou a prestar apoio aos movimentos independentistas das colônias espanholas, visando estabelecer acordos comerciais favoráveis nesses territórios recém-emancipados. Este apoio internacional, juntamente com a determinação e a aspiração à liberdade das populações colonizadas, impulsionou uma série de triunfos revolucionários.

Neste contexto, surgiram figuras históricas emblemáticas que marcaram a luta pela independência, como Simón Bolívar e José de San Martín. Bolívar, apelidado de "El Libertador", desempenhou um papel crucial na conquista da independência de países como Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. Ainda hoje, é venerado como um herói nacional em várias dessas nações.

José de San Martín, por sua vez, foi fundamental para a libertação da Argentina, Chile e Peru. Juntamente com Bolívar, San Martín é considerado um dos mais proeminentes líderes da luta pela independência sul-americana contra o domínio espanhol.

O sucesso desses movimentos de independência marcou o nascimento de novas nações e representou um momento decisivo na história da América Latina. A conquista da independência não apenas proporcionou a esses países a autonomia para se autogovernar, mas também inaugurou uma nova era de desafios e possibilidades para moldar suas próprias identidades e direcionar seus futuros.

Simón Bolívar, líder da independência. fonte: 

Apesar da conquista da independência, as colônias latino-americanas não experimentaram uma profunda transformação socioeconômica.

Persistiram problemas como a dependência econômica das potências capitalistas e a manutenção dos privilégios da elite local. Na tentativa de reverter essa situação, os novos países independentes se congregaram no Congresso do Panamá, onde Simon Bolívar propôs um plano de integração política e econômica entre as nações latino-americanas.

No entanto, tal proposta encontrou resistência dos Estados Unidos e da Inglaterra, uma vez que ameaçava seus interesses econômicos na região.

Com a independência de grande parte das colônias espanholas, os Estados Unidos emitiram a Doutrina Monroe, cujo slogan era "América para os Americanos". Esta doutrina se propunha a combater a interferência militar de países europeus no continente americano.

Porém, ironicamente, algumas décadas mais tarde, foram os próprios Estados Unidos que expulsaram os espanhóis de Porto Rico e Cuba, numa espécie de aplicação da Doutrina Monroe em favor de seus próprios interesses econômicos na região.

 emergiu como a principal figura a defender o projeto unitarista, que propunha a fusão das antigas colônias espanholas em uma grande nação independente. Ele apresentou essa visão no Congresso do Panamá, uma conferência destinada a traçar o futuro dos recém-formados países latino-americanos. Contudo, diante dos interesses das elites locais e da resistência da Inglaterra e dos Estados Unidos, que não queriam ver surgir uma potência concorrente na região, o seu plano de unificação foi rejeitado. Como resultado, a divisão territorial foi mantida e a existência de múltiplos países independentes foi confirmada.

Primeira Etapa da Independência (1810 - 1816)

Datas de Emancipação das Colônias Americanas